quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

"Esquecer é lembrar em paz"


Edson Campos



Tudo que foi verdadeiramente importante não se esquece. A medida do tempo de lembrar em paz é um longe que pode ser perto, depende da devoção em compreender que se fez concluído, por aprendido. 


É preciso esquecer?
Por Luciana Chardelli
"E se pudéssemos apagar as recordações indesejáveis? Relacionamentos que não deram certo, frases cortantes, sonhos interrompidos. Um tiro certeiro e fatal nas lembranças que nos incomodam.
Se a possibilidade de apagar memórias dolentes é dar um tiro no passado que lateja, bem provável que também seja o enevoar do futuro. Sem lembranças perdemos as referências e junto a possibilidade de ser inteiro.
Por que dói quando lembramos daquilo que um dia amamos, mas que deixou de existir no presente? Dói porque no amar há uma necessidade do ato, do fato, do tempo presente e palpável. Lembrar é a vivência do que não vive mais.
Há uma irreversibilidade no tempo que por vezes não aceitamos. Esta impotência diante dos fatos, diante das amputações, dói. Dói porque somos insaciáveis em nossa sede de completude e domínio. Lembrar não basta. As lembranças são abstratas, invasivas, desobedientes, quase mal educadas. Lembrar pode ser o certificado do que não mais existe, mas ainda assim teima em existir. Há um mando impaciente e constante no sentimento da falta. Criamos uma duelo, bifurcamos os sentimentos. Não deixamos ir, não queremos que fiquem.
É preciso esquecer ou basta aprender a lembrar? Para esquecer o que dói é preciso antes lembrar de forma exaustiva, até que a lembrança se perca nas artérias das histórias, e as histórias comecem a ter falhas, e as falhas se transformem em histórias, e as histórias representem apenas histórias. Só é possível esquecer o que nos dói quando possível ser lembrado, então, percebe-se que não existe o esquecer, esquecer é apenas deixar de lembrar insistente e dolorosamente. Esquecer é lembrar em paz.

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