segunda-feira, 11 de julho de 2011

Das observações do universo feminino: iniciar romance dá um cansaço!


Foto: Annie Leibovitz



Iniciar romance dá um cansaço!

Essa foi a conclusão de um grupo de mulheres que resolveu aquecer a noite gelada à base de vinho e trocas.

A partir da frase, os comentários giraram em torno do comportamento que se estabelece quando dos primeiros encontros com alguém interessante - para investir em romance.

Estes eventos, com menor ou maior investimento e expectativa, se transformam em uma espécie de inferno aqui na terra - inclusive já circulou na internet há alguns anos atrás uma bela descrição sobre este drama da vida privada feminina. O tal inferno na terra, se comparado, pode ser bem pior que um triatlo, uma maratona no deserto, ou ainda mais penoso que a escalada do Everest por um sedentário. Não é exagero, é que um simples encontro com o sujeito dos desejos é antecedido por horas de investimento em tempo e até dinheiro em alguns casos, além de muito, muito estres. 

Aliados à expectativa e ansiedade naturais que qualquer encontro com alguém que se julgue interessante gere, a parte prática tem início na procura de hora no salão de beleza para deixar em dia unhas, cabelo, depilação. Marcadas ‘as horas’, deslocar-se até o local e executar as árduas tarefas. Sim  árduas, porque não há prazer algum naquelas horas perdidas lá, salvo o resultado que é a recompensa que faz toda mulher sempre voltar. Do salão, algumas podem ainda dar uma passadinha no shopping, que na verdade pode se transformar em horas para investir em alguma coisa nova, qualquer coisa. Isso porque talvez inconscientemente acredite que o elemento novo tenha um poder mítico sobre a autoestima, uma espécie talismã de boa sorte - só pode! [Vou me abster]. A maratona termina em casa, e termina literalmente com as duas mãos sobre a cabeça, dizendo que não tem roupa! - enquanto olha pra montanha de roupas jogadas sobre a cama.  Sem falar nos sapatos, bolsas, maquiagem etc, em que muitas investem mais um par de horas, e o chão do quarto, a esta altura, já virou depósito. Quem já não viveu algo parecido com a via crucis das vinte e quatro horas que antecedem o encontro fatale?

E o investimento quando o encontro é com aquele outro sujeito, tipo assim: não-preenche-os-requisitos- mas-vou-lá-mesmo-assim.  
À unanimidade, a resposta foi: zero! Talvez o gasto máximo seja no consumo de alguns mililitros daquele gloss perdido no fundo da bolsa, considerando que a necessaire de maquiagem ficou na bolsa usada no dia anterior. Sem pit stop, sai direto do trabalho para o encontro.

Resultado desses encontros: Em regra, insucesso pleno com o sujeito interessante, e sucesso total com o sujeito desinteressante. Este último, em geral, acaba arrastando uma carreta bi-trem pela despojada e despretensiosa pretendente; se joga aos seus pés. É o cara literalmente afim. Não dá sinais em códigos cifrados, criptografados ou subliminares como fazem aqueles que não se interessam por você, este simplesmente declara com todos 'erres', 'esses' e 'eSseeMeeSses' que você é a mulher da vida dele!

Não tem Lei de Murphy neste negócio. As coisas simplesmente são. Com o tal sujeito interessante, a sujeita joga no lixo a espontaneidade e na carona o melhor de si. Se deixa dominar pela tensão da expectativa e mete os pés mão nos artifícios que passam a comandar a cena. Não é ela, ou é a sua parte de que menos gosta quando se olha no espelho da verdade e sente certa repulsa - ou ri de si mesma - quando se vê. E pensa que não fosse a bebidinha que embalou o encontro chegaria em casa procurando um relaxante muscular - contra as contraturas fruto das horas sobre um palco que, em sã consciência, se negaria a subir. Passam os anos, não adianta, não se livra da ascensão e morte que representam aquelas estreias e declínios súbitos da estrela. É que ali não foi possível simplesmente ser.
Quem (se) aguenta? Ou quem se encanta?




Poderás gostar também:


.

3 comentários:

  1. hahahhaa, perfeito Maria!

    Acho que o nervosismo é que mata nossa espontaniedade. Já com o homem que não é objeto de nosso desejo, apertamos o botão "tõ nem ai" e eles ficam loucos por que o homens tem a fantasia de que todas as mulheres querem romance e não aceitam quando se sentem rejeitados!!

    Um beijo querida!

    ResponderExcluir
  2. Esse cansaço de início de romance serve pra renovação: começa pelo guarda-roupa, passa pelo salão e termina em nós mesmas (ou o caminho inverso?).
    Fato é que adoro a Lei do nhe-nhe-nhé. Quando aplicada adequadamente deixa a gente mais bonita: sem salão, sem roupa nova e sem roupa.
    Adoro teu blog!
    Precisa escrever mais...
    Beijos!

    ResponderExcluir
  3. Me parecem preocupações de quem tem dinheiro de mais para gastar e que sua vida é um fruto com muito pouco suco.
    Como dizem os gringos - get a life!

    ResponderExcluir