terça-feira, 12 de outubro de 2010

Das observações do universo feminino - Tese dos brinquedinhos


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Depois que uma mulher chega à fase adulta, e com sorte se fizer adulta, uma fonte de diversão pode ser ter um brinquedinho. Mas para saber se divertir com um é requisito ter bem claras certas normas e as funções.

Brinquedinhos se prestam para a fase da entressafra das relações, em que a mulher escolha passar uma temporada sozinha ou esteja garimpando o próximo, que espera seja o 'pra sempre, enquanto dure'.

Brinquedinhos terão duas principais funções, das múltiplas que poderão desempenhar. A função primeira é garantir prazer. Precisam estar empenhados em dar prazer. Isso é simples, pois é item de série, vem de fábrica. É o mais fácil de encontrar no mercado. Se prestar bem atenção dá em árvores, é só chocalhar os galhos que cai meia dúzia ou mais. Dos relatos das mulheres, dizem que todos vêm com o mesmo manual de instruções, repetem os mesmos procedimentos e com muita dedicação. Aliás, é comentário recorrente, chegam a cansar de tanto empenho, desconconfiando as mulheres que eles ainda não tenham descoberto o ponto certo. Pecam pelo excesso. Tudo bem, enquanto brinquedinhos o defeito vira qualidade. Esses, pode-se escolher por tamanho, por textura, número, cor, cheiro, idade. Sim, idade. Eles são humanos.

Brinquedinhos humanos. Pode parecer, mas não tem nada de pejorativo. Pelo contrário, exercem especial papel e gostam do papel. Talvez pejorativos sejam os adjetivos que muitos dariam para interpretar o comportamento daquelas que se utilizam deles.

Brinquedinhos servem para os prazeres delas sem que sintam o desprazer e risco de pular de galho em galho, evitando a queixa feminina do vazio do day after. Brinquedinho é coisa séria. É fixo. E ele sabe dos limites do seu papel. Não tem jogos. Fazem acordo. É dita claramente a função e só é dita porque brinquedinho não serve para namorar, é só para brincar. Tem um gene que não permite mulher inteligente admirar, de modo a se apaixonar.

Embora dê em árvores, brinquedinho não é qualquer uma das frutas que caem do pé. Brinquedinho tem que ter afinidades. Vira amigo, às vezes até confidente. Por isso que brinquedinho é escolhido não só pela cor, altura e outros atributos físicos, mas intelecto também, senão não é brinquedinho.

Cada uma elegerá as características que julgar necessárias para fazer manter a parceria com o brinquedinho. Pode ser o engraçado, que faz tudo virar piada. O sedutor incorrigível, vulgo eleva-autoestima, que mexe com a estima até de poste na rua. Pode ser o bom moço, carinhoso, atencioso, sensível e que  seria quase um irmão não fosse o item de série encravado na genética da criatura. Pode ser o acadêmico-filosófico, ou apenas filosófico simplesmente, que ajuda a melhorar ou criar novas teses sobre... tudo.

Mas a fundamental função do brinquedinho é a segunda. Brinquedinhos servem, finalmente, para desacelerar a pressa de encontrar o namorado de carteirinha ou marido, pois afasta a cegueira da carência, que é a mão inimiga que conduz a autoestima para o centro da terra, fazendo fulaninhas jogarem-se no primeiro 'inho' que lhes acene com o dedo.

Diz a lenda que mulheres que sabem brincar conseguem observar mais calma e conscientemente, dentre aqueles que não dão em árvores, quem serviria para ocupar o posto de afim.
[Por ser lenda, melhor prestar atenção para ver se tem algum cunho de verdade nisso.]


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13 comentários:

  1. Belo texto.
    Grata pela visita, adorei seu blog...

    Bjsss

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  2. Ei, só não lhes dê ciência da sua real função, he, he....podem não gostar! beijo. noeli

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  3. Amigaaaa!!! Conseguistes descrever com maestria a função dos brinquedinhos. O texto ficou uma delícia de se ler. Beijos

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  4. Janice,

    Não sei se posso chamá-la assim, vim agradecer sua visita, seu carinho no meu blog, e já me encanto aqui.
    Esse texto é complexo rs, acho que cada mulher vai ter um entendimento aqui!
    Mas é belo.
    Agora, tenho que dizer: Você escreve maravilhosamente bem.
    O seu "Quem sou eu", foi de arrepiar.
    Lindooooooooooooooo, lindoooooooooooooo, lindooooooooo demais!!!!
    Super bem vinda aos meus amigos!

    Um grande abraço!!!

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  5. "Há tempo de amar e tempo de odiar, há tempo de lutar e de viver em paz". Há tempo de ficantes e de amantes rsrsr. Abç!

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  6. Muito bom, Janice!

    Ao contrário da maioria dos homens que conheço, nunca tive brinquedinhos. Talvez por não saber ser brinquedinho, embora tenha sido algumas vezes, sem saber.

    Mas, em tese, o brinquedinho me parece um bom recurso. E a lenda, verdadeira.

    Independente disso, você brinca muito bem com as palavras.

    Gostei de tudo que li. A começar pela citação do José Paulo Paes, de quem li pouca coisa mas admiro pelas traduções. E, curioso que sou, voltei a 2004 para conhecer o começo, que é (Re)começo, e apreender
    que é desta Maria
    ter a mania
    de fazer com as palavras
    verdadeira romaria

    Bjs

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  7. Eu costumo chamar esses "brinquedinhos" de amigos coloridos...

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  8. Quanto chimarrão foi tomado, enquanto debatíamos essa tema né amiga? Ficou perfeito, conseguiste, deixar bem claro, e de uma forma muito leve, esse assunto, que é muito importante, e também um pouco polêmico,mas que não deixa de ser vivenciado,constantemente,entre um amor e outro,bjo adorei.

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  9. Como o encantamento é imediato, estou simplesmente encantado! Grato por participar da Egrégora: carrancas literárias.

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  10. Muito bom, leve e divertido o texto sobre o brinquedinho. O dar-se conta desta "relação" talvez sirva para a mulherada, em contrapartida, entender - sem ficar enciumada - da nossa relação com vídeos, fotos e outros "brinquedinhos" visuais, quando não viram fetiche nem as substituem.

    Beijo,

    Nilton

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  11. Maria,

    Ótimo texto.Penso que são sabendo brincar, tudo é válido...rs

    Grata por sua visita e comentário...

    Um beijo e ótimo dia!!

    Reggina Moon

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  12. Parabéns pelo texto, simplesmente encantador. Já sou seguidora porque gostei do estilo de sua escrita. Até breve.

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