Arte: Allen Jones
Sem querer sugerir legislação sobre as questões relacionais humanas, se existisse um código ético das relações conjugais, o artigo 1º poderia ser: nas relações de afeto não há garantias.
Indo além, algum outro artigo poderia versar sobre os desdobramentos da cruel e hipócrita monogamia exigida dos pares, pela completa dissonância à natureza [física] humana.
Cruel mesmo, no caso, talvez seja abordar este tema abertamente, e lembrar da sua origem na cultura patrimonialista, decretando a obrigatória monogamia [o mesmo vale ao celibato religioso] e que até hoje rege as relações de afeto. Um comportamento veladamente questionado e amargamente engolido, tido como fel principalmente por aqueles que iniciaram suas relações na adolescência e que não tenham intenção de desfazer a união.
Entretanto, a maioria mais cedo ou mais tarde experimenta um conflito. Querem manter a relação, mas o corpo, ainda que eventual e passageiramente, diz não ao conceito [moral] de fidelidade. Contudo, no modelo obrigatório e policialiesco monogâmico não há espaço ao eventual, passageiro. A ordem é uma só: monogamia, como se existisse monovontade, monodesejo, monoverdades.
Por ser tão recorrente o conflito que acomete a um ou a ambos do par, é quase impensável que não haja dedicação ao esclarecimento público sobre as mazelas e perdas causadas pelo formato obrigatório de um único modelo de relação. Aliás, nos dias atuais, pensando-se o fenômeno das garantias individuais em todas as esferas, haverá ainda espaço para estereótipos relacionais em que a ordem seja a obrigação, ou subjugação à vontade alheia - ainda que se trate de um paradigma social?
O vir-a-ser, me parece, diz com a liberdade de escolha do modelo a seguir, afastando-se de vez a ideia que vincula relacionamento à posse sobre um corpo. Se for pra ser mono, que seja por liberalidade, pelo querer, sem dever ou garantia de permanência no estado - esta se constroi, não se exige.
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Quanta verdade minha amiga.
ResponderExcluirA unica regra plausivel é o "querer".
Qualquer outra nos leva a um relacionamento hipocrita.
O dificil, nas relações, é conseguir unir por amor, duas cabeças pensantes voltadas a um mesmo conceito.
Derrubar o conceito de propriedade na sociedade em que vivemos, é um grande desafio.
bjos
Perfeito, Janice. Mas acho que isso só vale para a manada, para os que perguntam à sociedade ou à família ou ao seu grupo primário: o que é bom para mim? Para os demais, aqueles que andam muitas vezes na contramão por nunca terem se perguntado para que lado fica bem seguir, aquela turma sem vínculo com o próprio conceito de turma, esse problema não existe. Pelo menos em tese, porque não estão livres, é claro, de se apaixonar por alguém da manada. E aí o bicho pega!
ResponderExcluirBeijos
P.S.: Em consideração a seus brios femininos, acho que vou reformular aquele textinho psico-lógico, invertendo o sexo do paciente e do psicólogo...
adoro as metamorfoses que a palavra faz quando se diz de amor.
ResponderExcluir{as vezes demonstra-se inteligentemente maduras, outras demasiadamente infantis...
adorei o texto.
http://equeroquevocevenhacomigotododia.blogspot.com/
creio que o amor é querer e vontade mono...quando se é pra um...amor não se espalha ou se divide, isso, pra mim, não é amor, é desejo.
ResponderExcluirQuando o amor existe, não existe monogamia, pois você se entrega não só aquela pessoa, mas sim, a todas as faces e polaridades dela...
braço e bom texto...
gostei mesmo...
Ei, guria! Que fazer o favor de postar mais?! Assim não dá, você é a minha única referência feminista confiável.
ResponderExcluirBeijos
sou pela monogamia múltipla.
ResponderExcluirene amores ao mesmo tempo, mas cada um no seu horário.
senão acaba em suruba, o que só é recomendável para os carolas, como forma de purgar os pecados reprimidos.
amem e amém, ou vice-versa.
Não concordo com uma palavra que dizeis, mas defenderei até a morte o direito de dizê-la rsss. Copiei Voltaire. Aliás, ele iria concordar. A neurociência atual e os evolucionistas, infelizmente não.
ResponderExcluirP.S.: Estou muito crítico, né? Prometo elogiar um pouco também rss.
o artigo 1º poderia ser: nas relações de afeto não há garantias.
ResponderExcluirBastaria este artigo, para explicar a natureza humana, sem confundir as coisas, liberdade com libertinagem....
Parabéns Janice.
maria, maria...
ResponderExcluirvejo só, quem diria...
no olhar femino de maria,
sua madura e verdadeira ousadia...
maria, maria...
feminista? Eu não diria,
Antes, maria, simplesmente: Maria...
Percepção de maria: p'alguns causa alergia...
:-)))