Foto: Jean Loup Sieff |
Por ter falado em irmandade conjugal no post anterior, lembrei das muitas mulheres que, confessas, não se separam pela condição financeira. Cada uma tem lá suas razões, respeito, mas sempre me ocorre duas questões quando sou confessionário: qual a medida do prazer entre estas mulheres e as prostitutas? E qual a medida que estabelece (pre)conceitos e direitos sociais entre as duas?
Respeitando a opção das outras, admiro um bocado a dignidade das putas.
Lembrei disso do Roberto Lyra:
Há trâmites
compridos,
Que encapam os
caninos do cowboy.
É o
caso,
É o orgasmo
colorido,
É a transa do sábado
deserto
Debitada na conta
corrente:
Juros
altos,
Cartão de crédito
sexual,
Que não se acaba
nunca de pagar
- Como, aliás, no
velho matrimônio,
Este michê
instituído,
Com tabelas
mercenárias,
Usurárias,
Irritações,
Prisões,
Grilhões:
Para acabar,
inventário, partilha;
Dividem-se
Os bens, os filhos e
talvez
Umas lembranças
murchas.
Amor já não existe a
partilhar.
Mas ninguém é bom
mesmo,
Ninguém é peste sem
remédio,
Somos todos vítimas
das engrenagens.
A putaria é só seu
avesso
Menos hipócrita,
inclusive,
Dispensando
escrituras e sermões.
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