quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

12.12.2012












Deve ser o período do ano.  Semana passada, mirando a madrugada silenciosa da janela, um risco de fogo cruzou o céu. Fazia anos não via uma estrela cadente. E lembrei dos tantos céus em que me perdi nas noites escuras lá do interior. As luzes dos grandes centros roubam a atenção daquele que parecia um pano escuro imenso, com furinhos que deixavam passar a luz de uma outra dimensão - era o olhar da criança para as estrelas. Lembrei das tantas luas, e que era vício acompanhar suas fases no correr das estações do ano. E quantas vezes o telhado foi lugar escolhido para antecipar sua chegada, alimentando a ilusão de que dali seria possível tocá-la - sem noção que um passo em falso custaria o adeus ao mirante escondido. Deve mesmo ser alguma espécie de pacto que o céu e a lua fazem com certas pessoas. Decretam a sujeição em forma de fascínio e, sem direito dizer palavra, prendem pra sempre. Tão forte é a magia que faz perder a noção dos perigos, como outro dia em que, em plena  madrugada, paralisei às margens do Guaíba diante do que mais parecia um gomo gigante de bergamota. Mais alaranjada que  a própria laranja, refletia seu traço na extensão do rio - que como eu não teve escolha, sucumbiu também hipnotizado. Sem movimento. Um mundo de silêncios. Eu, o rio e sua majestade. De certo que a lua faz cometer loucuras porque de alguma forma garante proteção a quem se arrisca em seu nome. Hoje vi o calendário e marcava 12.12.2012. Olhei pro céu e não tinha risco de fogo, nem a bola magnética, mas lembrei dos pedidos juvenis às estrelas cadentes e à lua. Pedi, então, que meu olhar contemplativo de criança não me abandone jamais. 






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