quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Diálogos que causam





.
Fotografia: Shlomi Nissim




Diálogos que causam
seria algo próximo à trasmutação de estados, condição.

Mexem. Revolvem.
Modificam o esquadrinhamento de certos sentires,
compreensões,
construídos a partir de experiências boas,
outras nem tanto,
mas que guardamos sós.

Mexidos e homogeneizados
por meio da provocação,
transformam-se os sentires em novas sensações.
Alteram a ordem das coisas,
os olhares despendidos sobre nosso microcosmos particular.

 Resulta uma espécie de metonímia de sentimentos,
onde o sentir-se dilacerado
vai dizer de ricos fragmentos
de emoção –
involuntariamente desvelados.
Que, ao cabo, será bom.

Onde o maldizer circunstâncias
reveste-se de desafogo momentâneo,
desatando o nó
aliviando a ardida garganta -
machucada
pelo não-dizer.

Onde o aparente descaso
é de ser lido como negligência inconsciente
por circunstancial,
alheio a tudo que a nós possa parecer
pois do outro -
em sua verdade não nossa.

 E até mais pontual
- pueril, paradoxal -,
diálogos metamorfoseiam:
onde antes se lia tristeza
dali em diante se lê alegria.
Onde antes suscitava desassossego
da provocação redunda calmaria.

Onde antes sugeria vazio
O diálogo
[que causa]
- liquefeito -
permeia,
ocupa.





* Inspiração em dois dialógos distintos, com os amigos queridos: Démerson Dias e Lu Picolli

.


3 comentários:

  1. Oi Janice,

    Em todas as formas que apresentastes, nos fica a imagem concreta de que o dialogo ( que causa) mantem um valor permanente, tem seu espaço próprio, e o preenche.

    bjos

    ResponderExcluir
  2. E vamos assim, inspirando-nos mutuamente também pela e para a poesia, mas sobretudo na vida. Namastê, Jan!

    ResponderExcluir
  3. "Os diálogos que causam...", sempre deixam um silêncio no ar...
    isso quer dizer que sempre haverá um outro diálogo que causa...

    braço e bom texto
    http://somdospassos.blogspot.com/

    ResponderExcluir