quinta-feira, 1 de abril de 2010

É ouro puro: Não precisa casar... (Flávio Gikovate)




Water Serpents ll c1907, detail-2  Gustav Klimt

Gosto deste artigo. Destaco alguns trechos apenas pra provocar. A íntegra está no link, no final.
Faz pensar a diferença entre individualidade e egoísmo; o significado de amor romântico no imaginário social; as razões para a superação do modelo de união fruto do amor romântico; a felicidade a dois sob novas formas; a felicidade sem ser a dois etc. Há novas formas. Pouco importa a escolha, importa é se sentir confortável nela.

Não precisa casar. Sozinho é melhor
Entrevista com Flávio Gikovate - revista Veja

"Com 41 anos de clínica, o médico psiquiatra Flávio Gikovate, assistiu ao impacto da chegada da pílula anticoncepcional na década de 60 e a constituição das famílias contemporâneas, que agregam pessoas vindas de casamentos do passado. Suas reflexões sobre o amor ao longo desse tempo foram condensadas no seu 26º livro, Uma História de Amor... com Final Feliz. Na obra, a oitava sobre o tema, Gikovate ataca o amor romântico e defende o individualismo, entendido não como descaso pelos outros e sim como uma maneira de aumentar o conhecimento de si próprio."
"Os relacionamentos que não respeitam a individualidade estão condenados a desaparecer. Isso de certa forma já ocorre naturalmente. No Brasil, o número de divórcios já é maior que o de casamentos no ano. Atualmente, muitos homens e mulheres já consideram que ficarão sozinhos para sempre ou já aceitam a idéia de aguardar até o momento em que encontrarão alguém parecido tanto no caráter quanto nos interesses pessoais. Se isso ocorrer, terão prazer em estar juntos em um número grande de situações. Nesse novo cenário, em que há afinidade e respeito pelas diferenças, a individualidade é preservada. Eu estou no meu segundo casamento. Minha mulher gosta de ópera. Quando ela quer ir, vai sozinha. E não há qualquer problema nisso."
"Não há nada de errado em ser individualista. Muitos dos autores contemporâneos têm uma postura crítica em relação a isso. Confundem individualismo com egoísmo ou descaso pelos outros. São conceitos diferentes.(...) O individualismo corresponde a um crescimento emocional. Quando a pessoa se reconhece como uma unidade, e não como uma metade desamparada, consegue estabelecer relações afetivas de boa qualidade. Por tabela, também poderá construir uma sociedade mais justa. Conhecem melhor a si próprio e, por isso, sabem das necessidades e desejos dos outros. O individualismo acabará por gerar frutos muito interessantes e positivos no futuro. Criará condições para um avanço moral significativo."
"Os solteiros que estão mal são os que ainda sonham com o amor romântico. Pensam que precisam de outra pessoa para se completar. Como Vinicius de Moraes, acham que que 'é impossível ser feliz sozinho'. Isso caducou. Daí, vivem tristes e deprimidos."
"As razões que levavam as mulheres a ter necessidade de casar não se sustentam mais. Nas universidades, o número de moças é superior ao de rapazes. Em poucas décadas elas ganharão mais que eles." 
 
http://veja.abril.com.br/entrevistas/flavio_gikovate.shtml

3 comentários:

  1. Jan, querida, realmente preciosa reflexão.
    Embora logicamente correta, como está distânte do senso comum tutelado por promessa de folhetins que sobrevivem a partir da dependência que geram na reprodução de fetiches.
    O amor é contraditório com apego, e se não é generoso e fraterno, não é afeto, mas vício.
    Sem dúvida uma trajetória não exatamente curta, mas fundamentalmente necessária!
    Grande beijo, minha estimada amiga e irmã.

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  2. Penso que tá certo. Tudo certo e no lugar.

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