sábado, 2 de março de 2013

Fantasias sexuais - Das observações do universo feminino

Willian Etty

Qual a tua fantasia?

- de carnaval?

Não, sexual mesmo...
- ah... faz assim, a gente transa algumas dezenas ou centenas de vezes, e neste tempo construímos a nossa! Pode ser?

Nesses tempos de sexualidade banalizada e aparentemente tudo resolvido entre todos e todas, em que o kama sutra virou roteiro obrigatório de quase todas as camas, falar sobre fantasias é lugar comum. Tudo certo com a liberdade para explorar os desejos e fantasias, aliás, tudo muito certo e saudável, diga-se. Mas o que se tem visto é uma enormidade de homens que reclama do número de mulheres que não têm a sua sexualidade resolvida. Querem experimentar com suas parceiras - usuais ou eventuais - fantasias divulgadas aos montes nas mídias. Elas dizem não. Dizem até que bem antes de fantasias mais ousadas, tem umas que brecam as práticas mais triviais.

Observando o universo feminino, tenho que concordar, em parte, com os reclamões. De fato há ainda muitos tabus imperando sobre a sexualidade das mulheres e isto se contrapõe à ditadura do vale-tudo na cama e com qualquer um, que se tem hoje. As mulheres até discursam com naturalidade sobre o setor sexual, mas confessam suas dificuldades na hora do vamos ver.

A mulher não é treinada para conhecer o próprio corpo, não é ensinada que antes de dar prazer precisa conhecer os seus caminhos. Dar-se prazer para depois dar prazer. Isso não é novidade e explica os limites que elas impõem a si em primeiro lugar e ao parceiro finalmente. Mas surpreende que ainda existam tantas mulheres e homens que desconhecem esta razão.
Há muitos fatores responsáveis pela dificuldade de explorar o próprio corpo. A começar pela história, quando se observa o papel da mulher em sociedade, bem distante da liberdade de estar e ser mulher que hoje experimentam. A triste trajetória de subjugação ao poder do home segue como uma das principais responsáveis pela dificuldade do autoprazer. Exerce, ainda, grande força sobre a crença de que cama serve para atingir o que é objeto do desejo fora dela. Ter ou manter um relacionamento, um emprego ou cargo, ser mãe, garantir patrimônio, isto e muito mais leva muitas mulheres pra cama, e as mantém lá, secundarizando e violando o seu prazer.
 E como o tempo é o senhor que nos diz sobre todas as dificuldades, o que falta ou incomoda sempre vem à tona. Há dificuldades, limitações que demandam colaboração do parceiro e que muitos sequer sabem por onde começar, outros nem mostram predisposição pra investigar. Há, ainda, aqueles antenados, mas mesmo assim ficam tateando no breu que é ausencia de respostas da parceira depois que esgotam todo seu revisitado repertório do kama-sutra. Frustrados, segue o arsenal de reclamações. Só não sabem que reclamam por desconhecer que ela se desconhece.
Conhecer o que dá prazer é pré-requisito, conhecer-se, antes, é ponto de partida para entender que sexo é diversão. Tudo pode. Então, o homem não deveria perguntar qual a fantasia dela, deveria antes (pre)ocupar-se em estimular que ela se conheça, se toque, seja autorreferente pra só depois se tiver fantasias, clichê ou não, naturalmente aflorarão. É o que vida tem mostrado nesta pretensiosa aventura de observar o mundo das relações.
No fundo, bem no fundinho, torço pra que ambos já tenham descoberto que a melhor das fantasias é aquela que é construída a partir de cada novo par que se forma. É que cada par é um par e com ele nasce um infinito de novidades e possibilidades, pouco importando quantas camas cada um já tenha se deitado.





4 comentários:

  1. A maior fantasia é a realidade, a ousadia de ser sempre verdadeiro e amar, amar perdidamente, ser alma, sangue e vida partilhada. É o amor absoluto, que nada pede nem exige, e que nos faz crescer e sentir melhores em cada hora.
    A maior fantasia é ser capaz de entender que quem não tem segredos nem hesitações são os bichos; e o prazer supremo é sentir que, na cama ou fora dela, quem se entrelaça são as almas e não os corpos.
    A maior fantasia é ousar a plenitude do amor, sem preocupações de mais ou menos cama. E assim poder dizer... "Sexo? Não me preocupa e nem sinto falta disso. Passamos todos os minutos do dia fazendo AMOR sem parar, mesmo quando estamos distantes. E quando estamos juntos somos tão verdadeiros, unos e absolutos como quando estamos separados ". Afinal, amar é ser Eu no Outro e ser o Outro em mim. Não é fácil e até pode doer, às vezes. Mas é a melhor coisa que a humanidade tem (ou pode ter) e nada se lhe compara. Talvez o seu maior inimigo seja, tão simplesmente, o sexo. Afinal, do mesmo jeito que não se pode fazer doces sem açúcar, comer só o açúcar não tem graça nenhuma, vai fazer dor de barriga, deixar a boca amarga e até pode matar.
    ;)

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    1. 'A maior fantasia é ousar a plenitude do amor...'.
      Absolutamente bonito - tudo.
      Bem-vindo(a).

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  2. Absolutamente bonita é vc, amiga linda! ;)

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