segunda-feira, 29 de setembro de 2014

As excrescências de um povo



Ano eleitoral. Debate entre os candidatos à presidência do país coroado com a fala de um dos candidatos, Levy Fidelix, em que diz que aparelho excretor não reproduz. Essa fala, além de revelar a profunda crise de representatividade política por que passa o país, diz um bocado sobre a nossa sociedade. Justifica a horda que espanca e mata homossexuais em nome de valores tacanhos, aliás amplamente incitados em rede nacional por igrejas neopentecostais. Cultivam apenas a pequenez do pensamento com o fim único de manter a população acrítica embretada na ideia maniqueísta de certo e errado, onde certo é pagar o dízimo, onde certo é, feito bactérias no lixo, reproduzir valores enviesados e mentidamente saídos das escrituras sagradas. Na carona propalam a hipócrita compreensão de que corpos se prestam pra nada mais que a reprodução humana. Um universo falso em que corpos seriam dissociados do desejo. O humano é desejante de toque, de carinho, de afeto, independentemente do sexo ou do gênero do outro humano que os entrega. Limitar as relações a dois à reprodução é negar o sentido de existência daqueles que não reproduzem. Permitir que essas ideias sejam livremente difundidas, e sequer rechaçadas durante o debate pelos demais candidatos, é assassinar o futuro de uma nação que se pretende igualitária. Viver estes tempos requer mais que coragem, impõe ação firme e combativa dos preconceitos por iniciativa de cada um que tenha mínima compreensão do que seja direito à cidadania. 








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