sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Manoel de Barros





Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nasleituras não era a beleza das frases, mas a doençadelas.Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor,esse gosto esquisito.Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.- Gostar de fazer defeitos na frase é muitosaudável, o Padre me disse.Ele fez um limpamento em meus receios.O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença,pode muito que você carregue para o resto davida um certo gosto por nadas…E se riu.Você não é de bugre? – ele continuou.Que sim, eu respondi.Veja que bugre só pega por desvios, não anda emestradas -Pois é nos desvios que encontra as melhoressurpresas e os ariticuns maduros.Há que apenas saber errar bem o seu idioma.Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor deagramática.

[Manoel de Barros]

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