Quero mais - pra mim. Por ora, no entanto, toda minha visceralidade anda canalizada pra luta pelo bem comum. É que ocupa demais engrossar as fileiras que andam à esquerda de quem só conhece os caminhos do próprio umbigo.
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
Eleições de prioridades
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
Humanidades do EdgeRank
Um rosto. De repente promovido ao grupo dos 9. Tudo bem que o responsável é um algoritmo, que tem vida própria e atua através de um conjunto de critérios lógicos de programação e ilógicos pra maioria de nós reles usuários. Mas apesar disso e de toda sofisticação dos robôs que determinam a nossa mirada, a minha tonteira humana me fez ver certa humanidade no EdgeRank.
domingo, 5 de outubro de 2014
Domingo de sol
o sol a(s)cendeu
queimando a pele
ardendo a língua
sem filtro
sem anestésico
- espasmos
depois letargia
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
As excrescências de um povo
Ano eleitoral. Debate entre os candidatos à presidência do país coroado com a fala de um dos candidatos, Levy Fidelix, em que diz que aparelho excretor não reproduz. Essa fala, além de revelar a profunda crise de representatividade política por que passa o país, diz um bocado sobre a nossa sociedade. Justifica a horda que espanca e mata homossexuais em nome de valores tacanhos, aliás amplamente incitados em rede nacional por igrejas neopentecostais. Cultivam apenas a pequenez do pensamento com o fim único de manter a população acrítica embretada na ideia maniqueísta de certo e errado, onde certo é pagar o dízimo, onde certo é, feito bactérias no lixo, reproduzir valores enviesados e mentidamente saídos das escrituras sagradas. Na carona propalam a hipócrita compreensão de que corpos se prestam pra nada mais que a reprodução humana. Um universo falso em que corpos seriam dissociados do desejo. O humano é desejante de toque, de carinho, de afeto, independentemente do sexo ou do gênero do outro humano que os entrega. Limitar as relações a dois à reprodução é negar o sentido de existência daqueles que não reproduzem. Permitir que essas ideias sejam livremente difundidas, e sequer rechaçadas durante o debate pelos demais candidatos, é assassinar o futuro de uma nação que se pretende igualitária. Viver estes tempos requer mais que coragem, impõe ação firme e combativa dos preconceitos por iniciativa de cada um que tenha mínima compreensão do que seja direito à cidadania.
domingo, 28 de setembro de 2014
Sou sendo
...às vezes complexa, noutras perplexa, dislexa?, solta e
também anexa a todas as outras de mim
com ou sem nexo, apenas sou
o que já fui e sou
sendo construção e
reinvenção de mim
nasço todo dia
deste emaranhado de
causos
e causas
e cousas...
MJ
o que já fui e sou
sendo construção e
reinvenção de mim
nasço todo dia
deste emaranhado de
causos
e causas
e cousas...
MJ
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
Quando tirei tua roupa
![]() |
Fotografia: Marc Hoppe |
quando realmente prestei atenção
parei de escutar
então nada
foi decência no que
eram gestos, olhos
boca, mãos
nem nos signos que
antes me prendiam
e escorriam soltos
nas entrelinhas
dos bonitos discursos
[dizer passou a ser pouco
ainda que reconheça ser
muito pros decentes que
não te sabem tirar a roupa]
quando realmente prestei atenção
e parei de escutar
só li um homem
nu de tudo aquilo
que me nego
carregar pro quarto
quando escancaro a porta
e quero entre_gue
abandonado
na minha devassidão
quando te vi
nu, irresistido
fui honesta
na minha mais pura indecência
que me faz deixar lá fora
todas as desimportâncias que
movem o mundo
e que - quando sinto -
sinto muito
pouco se me dão
quando tirei tua roupa
nem sabia, antes
já tinhas me posto
nua
ou, talvez, não
MJ
quinta-feira, 24 de julho de 2014
Llosa e Neruda, diálogo
![]() |
Egon Schiele - Embrace, love |
Mario Vargas Llosa: "Pablo Neruda; se um jovem poeta, de uns 15 anos, lhe pedisse um conselho relacionado com sua vocação, o que o senhor diria?"
Neruda responde: "Francamente, eu lhe diria que escrevesse, ou continuasse escrevendo versos para sua namorada, até não mais poder, até que se sinta satisfeito e pense que seu coração debulhou o fruto que tinha. Acredito que se deve começar a poesia pelo amor, possivelmente também por onde se deve terminá-la.
Naturalmente, entre esse começo e esse fim, cabe muito, cabe o mundo, a vida. Mas isso se aprende ao longo do caminho, e, só quando se aprendeu a vida e se sentiram todas as coisas, se pode cantar o que se vê."
"Dicionário amoroso da América Latina", de Mario Vargas Llosa.
quarta-feira, 25 de junho de 2014
sábado, 21 de junho de 2014
Wislawa Szymborska
![]() |
Wislawa Szymborska |
Me desculpe o acaso por chamá-lo necessidade.Wislawa Szymborska
Me desculpe a necessidade se ainda assim me engano.
Que a felicidade não se ofenda por tomá-la como minha.
Que os mortos me perdoem por luzirem fracamente na memória.
Me desculpe o tempo pelo tanto de mundo ignorado por segundo.
Me desculpe o amor antigo por sentir o novo como primeiro.
Me perdoem, guerras distantes, por trazer flores para casa.
Me perdoem, feridas abertas, por espetar o dedo.
Me desculpem os que clamam das profundezas pelo disco de minuetos.
Me desculpem a gente nas estações pelo sono das cinco da manhã.
Sinto muito, esperança açulada, se às vezes me rio.
Sinto muito, desertos, se não lhes levo uma colher de água.
E você, falcão, há anos o mesmo, na mesma gaiola,
fitando sem movimento sempre o mesmo ponto,
me absolva, mesmo se você for um pássaro empalhado.
Me desculpe a árvore cortada pelas quatro pernas da mesa.
Me desculpem as grandes perguntas pelas respostas pequenas.
Verdade, não me dê excessiva atenção.
Seriedade, me mostre magnanimidade.
Ature, segredo do ser, se eu puxo os fios das suas vestes.
Não me acuse, alma, por tê-la raramente.
Me desculpe tudo, por não estar em toda parte.
Me desculpem todos, por não saber ser cada um e cada uma.
Sei que, enquanto viver, nada me justifica
já que barro o caminho para mim mesma.
Não me julgues má, fala, por tomar emprestado palavras patéticas,
e depois me esforçar para fazê-las parecer leves.
© obvious: http://lounge.obviousmag.org
quinta-feira, 19 de junho de 2014
A mulher que o homem NÃO quer
"A incrível geração de mulheres que foi criada para ser tudo que um homem NÃO quer".
Artigo publicado no Estadão de ontem (leia aqui). A partir da leitura comentei com amigos na rede social que somos de uma geração, especialmente a de nossos filhos, que foi doutrinada a não lavar cuecas por ser símbolo da subserviência feminina do passado. Sob o ponto de vista da sobrevivência, esqueceram-se as mães, entretanto, que, embora os símbolos, seria importante aprender a lavar calcinhas, banheiro, preparar a própria comida etc. Afinal, diplomas e carreira não são moeda de troca por uma mão-de-obra que já é escassa e tende a desaparecer.
Muitas são as perdas a partir da mudança de um paradigma comportamental social. Previsível isso quando se sabe que muitos são os ajustes que ocorrem durante qualquer processo evolutivo das sociedades. Ora avança, ora involui, até que atinja algum ponto de equilíbrio.O artigo, na essência, diz dos efeitos do novo padrão de comportamento da mulher sobre os afetos. Diz da falta, do quanto sentem-se perdidos - elas e eles. Nesse ponto, sobre o processo por que passamos, penso que depender de um relacionamento, jamais. Por outro lado, viver com amor em parceria, tenho que aprimora e potencializa a beleza do que já fazemos bonito - por nós próprios.
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