quarta-feira, 25 de junho de 2014

Expectativas



...que não se atribua ao outro [qualquer outro] as expectativas que
   tecemos sós.



Imagem: Cifras 






sábado, 21 de junho de 2014

Wislawa Szymborska



Wislawa Szymborska



Me desculpe o acaso por chamá-lo necessidade.
Me desculpe a necessidade se ainda assim me engano.
Que a felicidade não se ofenda por tomá-la como minha.
Que os mortos me perdoem por luzirem fracamente na memória.
Me desculpe o tempo pelo tanto de mundo ignorado por segundo.
Me desculpe o amor antigo por sentir o novo como primeiro.
Me perdoem, guerras distantes, por trazer flores para casa.
Me perdoem, feridas abertas, por espetar o dedo.
Me desculpem os que clamam das profundezas pelo disco de minuetos.
Me desculpem a gente nas estações pelo sono das cinco da manhã.
Sinto muito, esperança açulada, se às vezes me rio.
Sinto muito, desertos, se não lhes levo uma colher de água.
E você, falcão, há anos o mesmo, na mesma gaiola,
fitando sem movimento sempre o mesmo ponto,
me absolva, mesmo se você for um pássaro empalhado.
Me desculpe a árvore cortada pelas quatro pernas da mesa.
Me desculpem as grandes perguntas pelas respostas pequenas.
Verdade, não me dê excessiva atenção.
Seriedade, me mostre magnanimidade.
Ature, segredo do ser, se eu puxo os fios das suas vestes.
Não me acuse, alma, por tê-la raramente.
Me desculpe tudo, por não estar em toda parte.
Me desculpem todos, por não saber ser cada um e cada uma.
Sei que, enquanto viver, nada me justifica
já que barro o caminho para mim mesma.
Não me julgues má, fala, por tomar emprestado palavras patéticas,
e depois me esforçar para fazê-las parecer leves.
                                                            Wislawa Szymborska 



© obvious: http://lounge.obviousmag.org







quinta-feira, 19 de junho de 2014

A mulher que o homem NÃO quer






 "A incrível geração de mulheres que foi criada para ser tudo que um homem NÃO quer".
Artigo publicado no Estadão de ontem (leia aqui). A partir da leitura comentei com amigos na rede social que somos de uma geração, especialmente a de nossos filhos, que foi doutrinada a não lavar cuecas por ser símbolo da subserviência feminina do passado. Sob o ponto de vista da sobrevivência, esqueceram-se as mães, entretanto, que, embora os símbolos, seria importante aprender a lavar calcinhas, banheiro, preparar a própria comida etc. Afinal, diplomas e carreira não são moeda de troca por uma mão-de-obra que já é escassa e tende a desaparecer.
Muitas são as perdas a partir da mudança de um paradigma comportamental social. Previsível isso quando se sabe que muitos são os ajustes que ocorrem durante qualquer processo evolutivo das sociedades. Ora avança, ora involui, até que atinja algum ponto de equilíbrio.

O artigo, na essência, diz dos efeitos do novo padrão de comportamento da mulher sobre os afetos. Diz da falta, do quanto sentem-se perdidos - elas e eles. Nesse ponto, sobre o processo por que passamos, penso que depender de um relacionamento, jamais. Por outro lado, viver com amor em parceria, tenho que aprimora e potencializa a beleza do que já fazemos bonito - por nós próprios.