sábado, 30 de março de 2013

Orientações



             


O amor tem destas coisas. Faz virar a cabeça.
Que seja na minha cabeça, meu corpo, que tu te orientes.
E eu na tua, no teu.









Espírito de Páscoa


Família. Celebração. Peixe. 
Sexta-feira. Santa.







Espumante. Chocolate. Beijo na boca.
Sábado. Aleluia!





Jure, faça promessa, de sempre, sempre, se comportar.


Arte: Svjetlan-Junakovic, Egene Koo,  Lim Heng


sábado, 23 de março de 2013

Fazendo tipo


Matisse

Medo e timidez se desfazem na exata proporção do interesse. Portanto, a sombra da dúvida ou silêncio, são o não com circunferência de 380 graus.  Ressalva para patologias crônicas congênitas.






sexta-feira, 22 de março de 2013

Do óbvio




Se sou amado,
quanto mais amado
mais correspondo ao amor.


Se sou esquecido,
devo esquecer também,
Pois amor é feito espelho:
-tem que ter reflexo.
           
               Neruda






terça-feira, 12 de março de 2013

Surpresas para mudar o curso


Imaginemos que delícia ser interrompidos nesta doida rotina por cenas assim. Talvez a vida restasse mais colorida e com outro significado para aqueles que não sabem se deixar tocar pelas belezas da arte, da natureza, das gentes.










domingo, 10 de março de 2013

Aconselhamentos





Dia desses, aconselhada a cometer mais loucuras, vomitei: se soubesses o gozo louco que é experimentar a razão em algum momento da vida... 
Ainda tenho dúvidas se entendeu.





sexta-feira, 8 de março de 2013

Dia da mulher x condição de ser homem



The Perfect Human Being, 1915
Hilma af Klint


Oito de março. Dia internacional da mulher. Marco para sinalizar a desigualdade entre gêneros,  em razão das diferenças de tratamento quanto às garantias sociais e políticas. No Brasil, embora as mulheres representem mais de 50% da população e com maior nível de escolaridade, muito se precisa avançar ainda para dizimar a desigualdade entre os gêneros. Por isso a importância da data e a razão para ser lembrada. Apesar disso, faço outra breve reflexão. Em meio a esta árdua caminhada que ainda não chegou ao fim, não se deveria confundir direito dos homens com a condição de ser homem. Como que para conquistar espaços fosse necessário adotar uma postura masculina.  Muito se vê. Neste oito de março, então, também seria bacana levantar uma outra bandeira, a de valorização do feminino e da feminilidade, que   vêm se perdendo nesta confusa dança entre direitos e condição.
Enquanto cidadãos iguais, que os direitos de todas e todos sejam respeitados, de modo garantir o respeito e preservação da natureza de cada uma e cada um.  







Às mulheres, poetizadamente



Homenagem às mulheres no Dia Internacional delas, no embalo do feminino poético...





São demais os perigos desta vida
Pra quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua chega de repente
E se deixa no céu, como esquecida

E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher

Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer de tão perfeita

Uma mulher que é como a própria lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua

                       Vinícius de Moraes



Soneto musicado:








sábado, 2 de março de 2013

Fantasias sexuais - Das observações do universo feminino

Willian Etty

Qual a tua fantasia?

- de carnaval?

Não, sexual mesmo...
- ah... faz assim, a gente transa algumas dezenas ou centenas de vezes, e neste tempo construímos a nossa! Pode ser?

Nesses tempos de sexualidade banalizada e aparentemente tudo resolvido entre todos e todas, em que o kama sutra virou roteiro obrigatório de quase todas as camas, falar sobre fantasias é lugar comum. Tudo certo com a liberdade para explorar os desejos e fantasias, aliás, tudo muito certo e saudável, diga-se. Mas o que se tem visto é uma enormidade de homens que reclama do número de mulheres que não têm a sua sexualidade resolvida. Querem experimentar com suas parceiras - usuais ou eventuais - fantasias divulgadas aos montes nas mídias. Elas dizem não. Dizem até que bem antes de fantasias mais ousadas, tem umas que brecam as práticas mais triviais.

Observando o universo feminino, tenho que concordar, em parte, com os reclamões. De fato há ainda muitos tabus imperando sobre a sexualidade das mulheres e isto se contrapõe à ditadura do vale-tudo na cama e com qualquer um, que se tem hoje. As mulheres até discursam com naturalidade sobre o setor sexual, mas confessam suas dificuldades na hora do vamos ver.

A mulher não é treinada para conhecer o próprio corpo, não é ensinada que antes de dar prazer precisa conhecer os seus caminhos. Dar-se prazer para depois dar prazer. Isso não é novidade e explica os limites que elas impõem a si em primeiro lugar e ao parceiro finalmente. Mas surpreende que ainda existam tantas mulheres e homens que desconhecem esta razão.
Há muitos fatores responsáveis pela dificuldade de explorar o próprio corpo. A começar pela história, quando se observa o papel da mulher em sociedade, bem distante da liberdade de estar e ser mulher que hoje experimentam. A triste trajetória de subjugação ao poder do home segue como uma das principais responsáveis pela dificuldade do autoprazer. Exerce, ainda, grande força sobre a crença de que cama serve para atingir o que é objeto do desejo fora dela. Ter ou manter um relacionamento, um emprego ou cargo, ser mãe, garantir patrimônio, isto e muito mais leva muitas mulheres pra cama, e as mantém lá, secundarizando e violando o seu prazer.
 E como o tempo é o senhor que nos diz sobre todas as dificuldades, o que falta ou incomoda sempre vem à tona. Há dificuldades, limitações que demandam colaboração do parceiro e que muitos sequer sabem por onde começar, outros nem mostram predisposição pra investigar. Há, ainda, aqueles antenados, mas mesmo assim ficam tateando no breu que é ausencia de respostas da parceira depois que esgotam todo seu revisitado repertório do kama-sutra. Frustrados, segue o arsenal de reclamações. Só não sabem que reclamam por desconhecer que ela se desconhece.
Conhecer o que dá prazer é pré-requisito, conhecer-se, antes, é ponto de partida para entender que sexo é diversão. Tudo pode. Então, o homem não deveria perguntar qual a fantasia dela, deveria antes (pre)ocupar-se em estimular que ela se conheça, se toque, seja autorreferente pra só depois se tiver fantasias, clichê ou não, naturalmente aflorarão. É o que vida tem mostrado nesta pretensiosa aventura de observar o mundo das relações.
No fundo, bem no fundinho, torço pra que ambos já tenham descoberto que a melhor das fantasias é aquela que é construída a partir de cada novo par que se forma. É que cada par é um par e com ele nasce um infinito de novidades e possibilidades, pouco importando quantas camas cada um já tenha se deitado.