terça-feira, 31 de julho de 2012

Sobre o amor - por Lenya Terra




Fotografia: Elena Kalis




Quem já levantou os véus do amor, reconhece.
E quem conheceu, busca conhecer além.
                                                                  MJ



Desvenda-me  


           [Lenya Terra*]


Não venha me falar de razão, 
Não me cobre lógica, 
Não me peça coerência, 
Eu sou pura emoção. 
Tenho razões e motivações próprias, 
Sou movido por paixão, 
Essa é minha religião e minha ciência. 
Não meça meus sentimentos, 
Nem tente compará-los a nada, 
Deles sei eu, 
Eu e meus fantasmas, 
Eu e meus medos, 
Eu e minha alma. 
Sua incerteza me fere, 
Mas não me mata. 
Suas dúvidas me açoitam, 
Mas não deixam cicatrizes. 
Não me fale de nuvens, 
Eu sou Sol e Lua, 
Não conte as poças, 
Eu sou mar, 
Profundo, intenso, passional. 
Não exija prazos e datas, 
Eu sou eterno e atemporal. 
Não imponha condições, 
Eu sou absolutamente incondicional. 
Não espere explicações, 
Não as tenho, apenas aconteço, 
Sem hora, local ou ordem. 
Vivo em cada molécula, 
Sou o todo e sou uno, 
Você não me vê, 
Mas me sente. 
Estou tanto na sua solidão, 
Quanto no Teu sorriso. 
Vive-se por mim, 
Morre-se por mim, 
Sobrevive-se sem mim. 
Eu sou começo e fim, 
E todo o meio. 
Sou seu objetivo, 
Sua razão que a razão 
Ignora e desconhece. 
Tenho milhões de definições, 
Todas certas, 
Todas imperfeitas, 
Todas lógicas apenas 
Em motivações pessoais, 
Todas corretas, 
Todas erradas. 
Sou tudo, 
Sem mim, tudo é nada. 
Sou amanhecer, 
Sou Fênix, 
Renasço das cinzas, 
Sei quando tenho que morrer, 
Sei que sempre irei renascer. 
Mudo a protagonista, 
Nunca a história. 
Mudo de cenário, 
Mas não de roteiro. 
Sou música, 
Ecôo, reverbero, sacudo. 
Sou fogo, 
Queimo, destruo, incinero. 
Sou água, 
Afogo, inundo, invado. 
Sou tempo, 
Sem medidas, sem marcações. 
Sou clima, 
Proporcional a minha fase. 
Sou vento, 
Arrasto, balanço, carrego. 
Sou furacão, 
Destruo, devasto, arraso. 
Mas também sou cimento, sou tijolo, 
Construo, recomeço... 
Sou cada estação, 
No seu apogeu e glória. 
Sou seu problema 
E sua solução. 
Sou seu veneno 
E seu antídoto 
Sou sua memória 
E seu esquecimento. 
Eu sou seu reino, seu altar 
E seu trono. 
Sou sua prisão, 
Sou seu abandono e 
Sou sua liberdade. 
Sua luz, 
Sua escuridão 
E seu desejo de ambas, 
Velo seu sono... 
Poderia continuar me descrevendo 
Mas já te dei uma idéia do que sou. 
Muito prazer, tenho vários nomes, 
Mas aqui, na sua terra, 
Chamam-me de AMOR.



*Lenya Terra era o pseudônimo de Helena Barbosa Mendonça, poetisa paranaense.









domingo, 15 de julho de 2012

Barulhos








Fotografia: Gregory Colbert





Não sei se é coisa da idade ou coisa pra otorrino da mente.
Há barulhos que já não suporto mais. 





domingo, 8 de julho de 2012

Generosidades para o sexo casual








Fotografia: JeanLoup Sieff





Falo aqui aos héteros. Mas não apenas. Generosidade e gentileza são pressupostos para quaisquer relações a dois. Fato sem controvérsia. Porém quando o assunto é parceiro casual, coisa de macho e de fêmea, buscando-se apenas para o prazer da hora,  a condição muda um pouco. Ou bem mais que um pouco, muda significativamente. Homens desavisados não prestam muita atenção. Sequer a própria mulher - e depois ainda reclamam. É que nesse negócio de sexo casual, quem escolhe é a mulher. Pois ela que baixa a guarda, abre espaço - abre as pernas, a boca, abre tudo. Ou fecha. E não tem conversa. Civilizadamente, não tem força física que mande neste terreno que apenas a vontade da mulher - que naquele instante deseja. Então  que o homem, até levar a mulher pra cama, e mesmo depois de sair para fora dela, dê seu máximo em gentileza e elegância. Máximo mesmo - como demonstração da sabedoria mundana de que (quase)toda mulher, num clic  apenas, atinge dos 20 aos 80 anos. É verdade que ninguém se pretende um objeto aos olhos e sentidos do outro. Mas também é verdade que, entre um amor e outro, e sem generalizações que excluam outras formas de conduta, a maioria não estará só. Logo, será hipocrisia pensar diferente. E por tudo isso, a nobreza de gestos do macho é o mínimo para fazer valer o desejo daquela fêmea. Saudável, moderna e equilibradamente bom para os dois. 







Da alma dos juízes








Deusa Themis. Palácio da Justiça do Rio Grande do SuL. BR.
Escultura em bronze do arquiteto Carlos Maximiliano Fayet -  Fotografia: Flávio Tissot 


Juiz, para ser investido na carreira da magistratura, haveria de ter alma de poeta, de artista. Se não, que em algum momento tivesse conhecido a alma do povo.
[A deusa Themis sem venda, é o mesmo que dispensar o uso das sensibilidades para enxergar a realidade cidadã.]