quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Olhares fragmentados

Janela para a praia da Ferradura, Búzios, RJ, BR


Contraditória, como todos os mortais, gosto da quietude do embalo na rede da varanda, do silêncio, assim como da rotina alucinada dos dias que preenchem o calendário, acelerada. Gosto de estar em mim, somente comigo, do mesmo modo que do barulho de outras ideias, de outros corpos, de toques - na pele e nos ouvidos. Agrada observar e interagir com a calmaria interior dos velhos, sua sabedoria, e com a balbúrdia existencial juvenil. Impressionam a carência e angústias dos adultos, procurando e correndo, sem saber o que, nem para onde - talvez por que corram maratonas diárias em franca fuga de si. E mesmo assim sempre um aprendizado esse observar. Sensibiliza a diferença, outros jeitos, os olhos que falam, músculos faciais que expressam, gente que comunica pela força do que é. É puro deleite as gargalhadas da piada feita sobre a cena do acaso, observada por olhos embriagados pelo espumante rosé - transforma as cores do cenário e o significado das palavras, porque ouvidos etílicos às vezes distorcem, noutras  dão o rumo certo para aquela vez. Gosto de abrir novas janelas, olhar outras geografias, outras mentes e reafirmar que a diversidade nutre, preenche. Gosto porque, além de outros tantos, são fragmentos da vida em si.




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domingo, 2 de janeiro de 2011

Por que se falto, sou necessária e, portanto, não há silêncio








Esperar talvez signifique deixar passar aquele que jamais faria o silêncio. Porque silêncios são ausências que fazem elucubrar sobre as coisas que o outro estivesse (ou não) pensando. Esperar pode ser entregar os dias ao destino de uma bola de cristal, adivinhando, adivinhando, adivinhando. Embora os outros movimentos perante a vida que complementam a existência, esperar alguém pode significar manter estático o coração, paralisado em um tempo (sentir) passado que não se sabe em que resultaria no tempo presente - pelas marcas, novas compreensões. Aposto no adeus à inércia - pois, embora certa e segura (a inércia), seu universo tormentoso de dúvidas indica não valer a pena - por que se falto, sou necessária e, portanto, não há silêncio. Particulares escolhas. Cada qual com as suas.



Comentário de minha autoria no post 'Falta', de Caio Fernando de Abreu, publicado no blog andreatpm




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